Remédios com sibutramina (um inibidor de apetite) foram retirados do  mercado dos EUA a pedido da FDA, agência norte-americana que regula  medicamentos. O laboratório também removeu o medicamento do Canadá e da  Austrália.
O cerco à sibutramina começou a se fechar a partir da publicação de  resultados preliminares de um estudo europeu que indicou um aumento de  16% no risco de derrame e ataque do coração com o uso da substância em  pessoas que já apresentaram problemas cardíacos.
A questão ainda não totalmente respondida é se a droga -até então uma  das poucas aprovadas para combater a obesidade-  também aumentaria as  chances de problemas cardiovasculares em pessoas sem este histórico.
Segundo a presidente da Associação Brasileira para o Estudo da  Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Radominski, o  medicamento é eficaz e seguro se respeitada esta contraindicação. “Somos  contra a retirada da sibutramina do mercado. Estão prestando um  desserviço”, afirma.
Marcio Mancini, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade  Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, concorda e acredita que a  medida “absurda” tenha base política e não científica.
Nos EUA, a sibutramina é vendida sob o nome de Meridia, do  laboratório Abbott. Já na Austrália e no Brasil, o remédio recebe o nome  Reductil.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu nota onde  informa que está acompanhando a alteração no posicionamento das diversas  agências reguladoras e mantém as restrições à venda do medicamento impostas em março deste ano.
“Algumas agências reguladoras mudaram seu posicionamento quanto à  permanência no mercado da sibutramina. Todas as medidas estão sendo  tomadas no sentido de elucidar os níveis de segurança da sibutramina  para os usuários brasileiros”, informa. O laboratório não se pronunciou  oficialmente sobre a venda do Reductil no Brasil.
Agências reguladoras
Para o diretor do Instituto de Novas Drogas do Centro para Avaliação  de Medicamentos e Pesquisa do FDA (CDER), John Jenkins, a venda do  Meridia não se justifica porque a perda de peso é muito modesta em  comparação ao alto risco de problemas cardiovasculares que o medicamento  traz. “Os médicos foram aconselhados a parar de prescrever a droga, e  os pacientes devem parar de tomá-la e procurar o médico para discutir  métodos alternativos de perda de peso”.
O mesmo entendimento tiveram as agências canadense e australiana. A  Health Canada ainda informou que a sibutramina é vendida sob a forma  genérica no país e que todos os medicamentos devem seguir a mesma  medida. O principal problema, segundo eles, é que doenças  cardiovasculares geralmente não apresentam sintomas.
Os pedidos vieram após a versão final dos dados do Scout (Sibutramine  Cardiovascular Outcomes Trial) - uma pesquisa que contou com cerca de  10 mil pacientes de 55 anos ou mais com doença cardiovascular ou  diabetes tipo 2 pré-existentes. Eles foram avaliados ao longo de seis  anos. Os resultados indicaram que o risco de desenvolver enfermidades  cardiovasculares (como derrame e infarto) era 16% maior nos pacientes  que utilizaram o remédio em relação aos tratados com placebo e a perda  de peso foi mínima.
“Os pacientes desta pesquisa não possuem as mesmas características  que os indicados a usar o remédio nos Estados Unidos, mas, estes  resultados, junto a outras pesquisas, levantam sérias questões sobre a  segurança do medicamento para todos os grupos de pacientes”, disse  Gerald Dal Pan, diretor do Instituto de Pesquisa Epidemiológica do CDER.
O Meridia foi aprovado pela FDA em 1997 e, em janeiro deste ano, após  divulgação de dados preliminares do Scout, a FDA exigiu a inclusão de  novas contraindicações na bula do produto, para evitar a prescrição do  remédio a pacientes com histórico de doença cardiovascular e/ou diabetes  tipo 2. Também em janeiro, a EMA (European Medicine Agency), agência reguladora da União Europeia, decidiu proibir a comercialização da sibutramina em todo o bloco.
Outras drogas para obesidade
O Orlistat (vendido sob o nome comercial Xenical ou Alli) é agora o  único medicamento aprovado para combater a obesidade a longo prazo. Três  drogas experimentais estão sendo analisadas pela FDA, mas até agora o  comitê consultivo encarregado de revisar as pesquisas e emitir uma  recomendação à Agência tem sido cético. Votou contra a aprovação do  lorcaserin da Arena no mês passado e, em julho, rejeitou o Qnexa da  Vivus. Outra droga, Contrave do Orexigen, será analisada pelo júri ainda  este ano.
13 de outubro de 2010
Sibutramina é retirada do mercado em três países
Por
Eduardo Fraccarolli Buriola
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