29 de setembro de 2010

Materia para uma Revista UNESP de Bauru

O nutricionista Eduardo Fraccarolli Buriola esclarece algumas dúvidas sobre a
qualidade de uma alimentação vegetariana

Eduardo Fraccarolli Buriola é formado em Nutrição pela Universidade Metodista de Piracicaba. Vegetariano há mais de 7 anos, atua como conselheiro da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), é membro da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), proprietário da Emporium Alimente e filiado ao movimento Slow food. O vegetarianismo entrou em sua vida em 2003, quando se interessou por uma alimentação mais saudável, ética e sustentável. E desde então desenvolveu e participou de cursos de culinária, ministrou palestras, realizou festas vegetarianas, representou grupos e se envolveu com diversas atividades vinculadas ao vegetarianismo. Como um dos mais importantes nutricionistas na área, ele faz considerações importantes a respeito do que é uma alimentação saudável.


Jaqueline Pereira e Mirele Ribeiro: Por que as pessoas se tornam vegetarianas?

Eduardo Fraccarolli Buriola: Os principais fatores que conduzem as pessoas a aderirem ao vegetarianismo são éticos, quando não consideram justo matar ou usar o animal para se alimentar; saúde, pois julgam que uma alimentação vegetariana seja mais saudável; ambiental, acreditando que o consumo de carne e de outros produtos de origem animal seja um dos grandes responsáveis pela destruição de florestas e consumo de bens naturais; e religiosa/filosófica, quando pregam que a alimentação ideal seja aquela isenta de carnes.

JP e MR: No que baseia-se uma alimentação vegetariana?

EB: A pessoa que possui uma dieta vegetariana não consome carne de qualquer espécie, e nenhum produto que a contenha. Essa dieta é baseada em alimentos de origem vegetal. A maior parte dos vegetarianos são ovolactovegetarianos, restringem apenas o consumo de carnes, aceitando todos os alimentos de origem vegetal, laticínios e ovos.
Os lactovegetarianos, como o próprio nome diz, consomem além de alimentos vegetais, os laticínios, e excluem, portanto, as carnes e os ovos. O vegetariano mais estrito, conhecido como vegan, não consome nada de origem animal, sua dieta é baseada exclusivamente em produtos de origem vegetal.

JP e MR: É possível alguém ser bem nutrido não consumindo carne?

EB: Dietas vegetarianas são nutricionalmente saudáveis, adequadas e auxiliam na prevenção e tratamento de certas doenças. Essa forma de se alimentar oferece muitas vantagens, incluindo menores níveis de gordura saturada, colesterol e proteína animal, e maiores níveis de carboidratos, fibra, magnésio, boro, vitamina C e E, carotenóides e fitoquímicos.

JP e MR: E quanto aos vegans, que não consomem nada de produto animal? Eles conseguem ter uma alimentação saudável?

EB: A alimentação baseada 100% em alimentos de origem vegetal pode sem dúvida ser saudável e balanceada. Em alguns casos, os vegans podem ter ligeira deficiência em vitamina B12, que é encontrada apenas nos alimentos de origem animal. Eles precisam ter um maior controle em relação à essa vitamina, pois ela exerce um papel importante na manutenção da estrutura do sistema nervoso e na maturação das células sanguíneas. Sendo que a deficiência leva a duas grandes complicações: anemia megaloblástica e neuropatia. Para suprir a falta dessa vitamina, eles podem consumir alimentos fortificados, ou ingerir suplementos orais ou injetáveis.

JP e MR: Quais doenças podem ser evitadas tendo uma dieta vegetariana?

EB: Os vegetarianos apresentam menores taxas de mortalidade para doenças cardiovasculares. Estudos verificaram nos vegetarianos que os níveis de colesterol e pressão arterial são menores. Dietas baseadas em alimentos de origem vegetal reduzem o risco de diabetes Tipo 2. A chance de um vegetariano apresentar diabetes é 50% menor do que um não vegetariano. Diferenças significativas foram encontradas para o câncer de próstata e cólon, com redução de 54% e 88%, para os que seguem a dieta vegetariana. De um modo geral, vegetarianos apresentam menores taxas de todos os tipos de câncer.

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